Ela entra como se o mundo fosse sala íntima, e cada olhar, uma vela acesa em sua direção.
O vermelho não é cor, é pele.
É promessa sussurrada entre sombras e respirações curtas.
No salto quinze, ela escreve poemas no chão.
Versos curvos, cheios de ritmo e malícia.
Seus quadris balançam como se soubessem o que o silêncio deseja, como se o ar tivesse gosto e ela o provasse a cada passo.
Fala pouco...
Mas seu corpo conversa.
No jeito de cruzar as pernas, de inclinar a cabeça, há uma língua ancestral, feita de gemidos contidos e vontades adormecidas.
Ela não seduz, ela acorda.
Acorda vontades, desperta lembranças, reacende incêndios antigos.
O toque dela é raro...
Mas o olhar...
Ah, o olhar é carícia que se leva para casa, no peito, sem saber onde guardar.
Ela não se explica.
É pele, é presença, é perfume que fica mesmo depois de ir.
E quem a vê, jamais esquece: a dama de vermelho não se conhece, se sente